Currículo é a teoria; portfolio é a prática

Essa é a diferença entre currículo e portfolio. Entenda como cada um tem sua importância e quando você deve ter um, o outro ou os dois!

copo de papel com os dizeres "I (coração) my job!" dentro

Já participei de algumas seleções de candidatos para vagas de uma agência de marketing digital. Por lá sempre pedíamos os dois: currículo e portfolio.

Porém, por um lado, em vagas de design o portfolio é muito mais valorizado; por outro, em vagas de programação é o currículo. Os dois são analisados, mas o que você acha que irá ser decisivo para apresentar seu trabalho: currículo ou portfolio?

Se você levar em consideração que seu currículo é a teoria e o portfolio é a prática, o mais óbvio é que um deve complementar o outro – de certa forma isso é verdade.

Porém, como exemplifiquei acima, em algumas áreas um é, de fato, mais decisivo que o outro. E nem estamos considerando a entrevista de emprego, que normalmente tem um peso ainda maior na decisão final, visto que o entrevistador irá tirar todas as dúvidas e ver se você é ~tudo isso~ mesmo – fora as empresas que fazem testes e dinâmicas de grupo.

Mas vamos focar apenas nos dois: currículo e no portfolio.

Currículo: a teoria

Aqui a empresa vai ficar sabendo quem é você, por onde você passou, o que você sabe fazer e o que você faz.

Os problemas

Muita gente mente no currículo. Já vi uma pessoa durar menos que um mês por causa disso: o currículo dizia uma coisa; a prática, outra.

Por outro lado, você pode ser formado em uma ótima escola de design e ter conhecimento avançado em softwares gráficos, o que é excelente! Mas um designer não é bom porque ele tem uma formação bacana e sabe mexer em ferramentas, e só é possível saber se ele é bom mesmo vendo seus trabalhos – o que não pode ser visto no currículo, que é totalmente textual.

As vantagens

Você passa toda a sua experiência de forma bem resumida, e, dependendo de como for essa experiência, mesmo você sabendo menos do que é necessário para preencher a vaga, os pontos positivos podem pesar a seu favor e a empresa te dará a chance de aprender o que falta trabalhando no local.

Por isso, em vez de mentir, o ideal é explorar suas qualidades pra mostrar que você tem a somar.

A não ser que seja uma vaga temporária, as empresas buscam por profissionais estáveis. Então, se o candidato passou em 5 empresas diferentes nos últimos 2 anos, não significa que ele tem uma ótima experiência na área – significa que ele não fica mais de 6 meses em um único emprego. Então não vale a pena contratar alguém que irá deixar você na mão lá na frente.

Portfolio: a prática

Aqui a empresa fica sabendo como é seu trabalho, seu estilo, seus conceitos, técnicas e tudo mais.

Os problemas

Assim como tem gente que mente no currículo, tem gente que mente no portfolio.

Por exemplo, três pessoas participaram de um trabalho em equipe na criação de um site – uma criou o logo e a identidade visual, outra criou o site em si e a outra ajudou na escolha das imagens, da tipografia, das cores… enfim, foi um assistente.

Os três podem sim colocar esse trabalho em seu portfolio, mas devem especificar o que cada um fez. O que acaba acontecendo? O assistente não explica o que ele fez, e fica parecendo que a criação toda foi um trabalho dele.

Daí a empresa contrata esse assistente e em 2 meses ele já está sendo demitido por não mostrar na prática o trabalho que estava em seu portfolio.

Se você foi o assistente, deixe isso claro. Se faltarem trabalhos em seu portfolio, invente alguns. Mostre o que você sabe fazer, mesmo que seja algo não oficial.

Por falar nisso, todo mundo já teve algum cliente chato – ou vários. E isso pode ser bem ruim para seu portfolio. Sabe por quê?

Imagine que você fez um trabalho perfeito – fruto de anos de estudo e experiência até você se tornar um profissional – e, ao apresentar o trabalho para o cliente, ele pede uma série de mudanças e nenhuma defesa que você faça é o bastante para convencê-lo do contrário.

Aí, o trabalho final acaba sendo bem inferior àquele que você propôs, e você tem a seguinte dúvida: “coloco no portfolio o que eu propus ou o que foi aprovado?”.

Analise isso com cuidado. Por um lado você pode acabar soando arrogante, demonstrando até certa tendência à insubordinação. Por outro, se o resultado aprovado for muito ruim, pode ficar parecendo que você não fez um trabalho bom.

As vantagens

Você pode ter experiência mínima em softwares e não ter cursado nada, muitas vezes por falta de grana ou de tempo – ou seja, aprendeu tudo sozinho.

Isso em seu currículo seria um ponto negativo, mas aí seu portfolio mostra que você fez mesmo sua lição de casa como auto-didata e faz trabalhos muito bons.

Além disso, é no portfolio que o recrutador vai saber o estilo do candidato.

No caso de ilustradores, por exemplo, eventualmente a empresa está buscando por um estilo, por um traço em específico, o que é impossível de se perceber pelo currículo. Através do portfolio esse tipo de seleção acaba sendo bem mais precisa, poupando frustrações.

recrutador segurando currículo da candidata na entrevista de emprego
Em alguns casos, currículo e portfolio são meras formalidades – a entrevista de emprego acaba sendo o fator decisivo!

Quando ter um currículo, um portfolio ou os dois?

O ideal é que você tenha os dois sempre. Mas, é claro, em algumas áreas isso não é possível, ou até mesmo desnecessário.

Lembra do exemplo que dei no começo do texto? Um portfolio tem mais peso na contratação de um designer; um currículo passa a ser mais relevante para um programador (apesar de a tendência indicar que portfolio de desenvolvedor é algo cada vez mais visado).

Além disso, se você trabalha em uma área como contabilidade, como ter um portfolio? Não consigo enxergar isso sendo feito.

Por fim, se você tem seu negócio próprio, o currículo é totalmente desnecessário.

Fabio Lobo
Formado em Publicidade e Propaganda e Design de Publicidade, trabalha com web design e desenvolvimento, mas sempre arruma um tempo pra ler, estudar e escrever sobre quase tudo. Siga no twitter!
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